Durante a recente reunião da cúpula
do G20 no Japão tivemos ampla informação sobre o Acordo de Paris e a definitiva
adesão do Brasil. Também temos lido sobre a onda de calor que atinge a Europa,
matando pessoas, provocando incêndios, alterando e restringindo a vida normal
das pessoas. Sabemos também sobre o aquecimento do solo, dos mares, catástrofes
naturais, alterações de clima, etc.
Pois o Planeta está com febre de
quase dois graus. Sua temperatura média subiu de 13,5 C para 15,0 C desde a
revolução industrial. Podemos ter uma idéia do “desconforto da Terra” com a
febre por experiência própria. Como nos sentimos com uma febre de dois graus?
Assim como nós, a Terra é um sistema vivo. Muito mais vivo e muito mais sistema
do que nosso vão conhecimento percebe. Sabe-se por ex. que “uma colher de chá
de terra de pastagem chega a conter 5 bilhões de bactérias, 20 milhões de
fungos e 1 milhão de algas e protozoários” (Capitalismo Natural, Fritjof
Kapra). Dá para imaginar o conteúdo vivo em cada metro cúbico de terra de
pastagem ou floresta. É esse ecossistema complexo que mantém a fertilidade do
solo e viabiliza a vida humana.
A principal causa da febre da Terra é
a queima anual de 5-10 bilhões de toneladas de carbono que a milhões de anos
foi fixado pela fotossíntese, na forma de carvão, petróleo e gás natural, os
combustíveis fósseis. Como se não bastasse o calor gerado acima da capacidade
de absorção pelos ecossistemas atuais, essa queima e outras atividades humanas
aumentaram em 50% a presença de CO2 na atmosfera desde a Revolução Industrial.
O Acordo de Paris objetiva baixar a
febre da Terra e garantir um desenvolvimento sustentável. Através de um
programa consistente de redução da emissão de gases estufa a partir de 2020
pretende-se inicialmente conter o aquecimento global e numa segunda etapa fazer
sua temperatura voltar ao que era antes da revolução industrial.
Pois em paralelo a essa situação,
como se nada disso estivesse acontecendo no mundo e no Planeta, como se
estivéssemos no auge da Era Industrial, aqui na “República Rio-Grandense” se
estuda a implantação de um Polo Carboquímico, aproveitando nosso carvão, mais
rico em cinzas do que em calorias. E as discussões seguem os critérios da
decadente Era Industrial: estudos de viabilidade técnica e econômica, geração
de empregos, impactos ambientais, e por aí afora. Mudou o paradigma e não nos
avisaram.
Como diria aquele personagem dos anos
80: “Chose de loque!”