Eu era um dragão. Não estava
fantasiado, era mesmo um. Não soltava fogo, mas tinha duas cabeças. E nenhum
rabo. Então tinha duas frentes e nenhuma traseira. Duas cabeças completas com
orelhas, narinas, boca, tocos de guampas. Uma na frente e a outra na outra frente.
Quatro patas. Duas voltadas para a frente e duas para a outra frente. Mas uma
das cabeças olhava, e se alimentava, do passado. Alimento vencido, esverdeado,
podre, vomitado. A outra estava de frente para o futuro e se alimentava dele. Alimento
fresco, virgem, não conhecido.
domingo, 14 de dezembro de 2014
PESADELO DE DRAGÃO
Boca seca. Não sede. Só secura. A
língua está uma lixa e machuca o céu da boca. O palato. Ao invés de fazer
cócegas, arranha. Tive um sonho. Um pesadelo.
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