Se eu não morresse nunca ! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas. (Cesário Verde 1855-1887)







quarta-feira, 21 de abril de 2010

VALHA-ME SANT'ANTÔNIA


Para quem não testemunhou, não acompanhou, nem ouviu relato, vou fazer uma revelação. Não é uma revelação no sentido artístico, não é uma revelação de filme fotográfico (ainda se revela ?), não tem nada a ver com samba e pagode, ou com a novela de Íris Avramavel exibida no SBT (ARGGHHHH ). E se fosse Amavravel ? ou Abra Mabel ? Nada mudaria.

É apenas e simplesmente uma revelação. Não é uma revelação divina, que acede a um conhecimento pela experiência direta providenciada por Deus), mas uma revelação humana. Mundana. Também não se refere ao apocalipse, mas uma simples e singela revelação.



REVELAÇÃO. Revelar, do latim revelare, cuja raiz, velum, véu, significa literalmente sair de sob o véu — e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida.


Pois bem, a revelação que me é imposta tem a ver com Sant'Antônia, trufa de café e Chardonnay. No caso um Chardonnay varietal da Aurora.
A ordem não é necessáriamente essa. Pelo que me lembro de análise combinatória (Obrigado Irmão Kipper, colégio Rosário, 1968 e obrigado Prof Delmar Basso, Instituto Pré-Universitário, 1969) a permutação (ou fatorial) de n, seriam n x n-1 x n-º2 ... (n-n+1). Nesse caso n = 3, e o fatorial de 3, seria 3 x 2 = 6. Fácil, não é?
Traduzindo, o Chardonay pode ter estimulado a trufa de Sant’Antônia, mas também, a trufa estava determinada a elevar o Chardonay, ou Sant’Antônia estaria em harmonia com o Chardonay, ou com a trufa, e assim por diante. São seis possibilidades ! Comprovadas pela análise combinatória !
O fato é que, independentemente da análise combinatória, há momentos importantes da vida nos quais parece que a Providência Divina efetivamente providencia. Explico: ao final de uma janta espetacular (no meu caso, originalmente seria um almoço), acontece de tudo dar maravilhosamente bem. Mas, ao final sobra meio cálice de vinho na garrafa. Claro que não é qualquer vinho. É um vinho que tem tudo a ver com aquela janta. Harmonizado, como dizem alguns chatos e outros não chatos. No meu caso (sou muito sortudo) é um vinho de “15 pila”. Eu sei que se pila fosse formalmente um vocábulo, deveria ser escrito pilas. Mas não é! Então são15 pila mesmo! E sou muito sortudo por me deliciar com um vinho de 15 a 20 pila. Provavelmente o Lula também. Temos afinidade nos vinhos e nos pila.
Pois, voltando à janta (não me lembro o nome do prato, mas era sofisticado), o vinho estava no ponto certo. Da serra gaúcha para Encantado, 35, esse Chardonay da Aurora fez toda a diferença.
Essa pseudo-amnésia apenas comprova que o prato não era o principal. Embora prato principal, tinha um papel acessório naquele contexto.
Bem, voltemos ao meio cálice de vinho na garrafa. Há momentos que não é possível deixar meio cálice desacompanhado. Mas como acompanha-lo quando o prato principal está vazio? Quando parece não restar alternativa para o meio cálice? Nesses momentos, a mágica pode acontecer. Alguns chamariam de coincidência (descrentes!), mas outros sabem do que estou falando. É mágica mesmo! No meu caso aconteceu!
Pois uma espetacular trufa de café estava esperando ter seu momento de glória, dar sentido à sua existência. Alguém duvida que a “trufa de café” teria uma razão para existir? Eu não!
Pois eu credito isso à um sinal. Não sei exatamente a natureza desse sinal. Mas, sem dúvidas, um sinal que se revela num momento tão grandioso, em que estamos a sós, nós, um prato vazio, e meio cálice de vinho a insinuar “beba-me agora ou cala-te para sempre”. Eis que a “trufa de café”, quase esquecida no escurinho de sua caixa, talvez já se preparando para dormir e sonhar, é lembrada ao acaso, e buscada freneticamente para cumprir sua missão. E cumpriu. Junto com o vinho. Eu fui mero coadjuvante.
Enquanto cumpria meu papel, uma voz interna, com raízes profundas e ramificadas que me prendem à minha essência humana dizia: valha-me Sant’Antônia !
E se fosse um bombom de cereja?

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