Se eu não morresse nunca ! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas. (Cesário Verde 1855-1887)







segunda-feira, 15 de março de 2010

SAUDADES

Bom dia pessoal !

Vocês nem imaginam como estou com saudades de vocês. De chegar cedinho na empresa, aproveitar enquanto vocês não chegam e trabalhar no silêncio. E saudades também da salada de fruta, de um iogurte, de uma banana, uma salada, arroz, feijão e uma lista sem fim que não tenho tempo para enumerar.

Pois quando pensei que estava já livre de tudo (ou pelo menos, relativamente livre) tivemos um contratempo. Uma recaída. Um desastre !
Chegamos hoje à tarde em Pequim. Quando eu digo que chegamos hoje a tarde em Pequim me refiro à minha tarde, pois na minha tarde vocês ainda não tinham acordado. E eu já sabia tudo do dia seguinte.
Pois bem, voltando à chegada à Pequim, eram 16h quando saímos do aeroporto, por uma porta que dizia 兴塑胶有限公司. Tino me garante que é chinês, mas para mim é como grego fosse. Felizmente logo abaixo estava escrito EXIT, que significa "é por aqui que eu vou".
Bem, saímos do interior do aeroporto após Tino perguntar à uma chinesa da casa de câmbio como seria melhor ir para o hotel. Eu tinha sugerido pegar um ônibus para o centro e lá nos viraríamos. Com alguma dificuldade de entendimento (sou muito otimista) Tino afinal perguntou "by Taxi would be better ?" e a chinesa rindo e movimentando a cabeça respondeu "xin xin", ao que Tino entendeu que sim. Eu senti que teríamos problemas, e me lembrei que obrigado em chinês é "xin xin".
Fomos à fila do taxi, onde um chinês vestido de policial (aqui metade dos chineses são policiais, militares ou guarda de alguma coisa) nos jogou para dentro de um taxi.
Perguntei se Tino tinha o nome e endereço do hotel, pensando é claro se teria em chinês, pois aquele chino taxista, que dirige com a mão na buzina, não saberia entender nem "ok". Ao responder "Vamos a ver" (em espanhol), minhas expectativas foram confirmadas.
O carinha olhou uma reserva feita pelo booking.com, tudo em inglês é claro, e não entendeu nada. O problema não é o inglês, pois em francês, italiano, portugues, ou qualquer outro idioma que usa o alfabeto romano, seria grego para "el chino".
Eu vou mudar de assunto, pois essa história não terminou por aí, e eu ia contar sobre outra coisa, que foi a janta de hoje. Pensei que estava livre dessas coisas estranhas, mas tive que ceder ao convite de ir à um Tepan Iake, restaurante japonês em que sentamos na frente do cozinheiro vendo tudo aquilo que ele faz.
Depois de muita escolha, querendo evitar as comidas especialidades da casa, mas também não querendo ser indelicado ao mostrar que não apreciava esse tipo de comida (não apreciava, heim ? isso que é delicado), descobri um arroz que sobre ele vinha um peixe, pela foto no cardápio nada mau. Pelo menos parecia bem grelhado, ao contrário de um espetinho que, por educação (bota educação nisso), comi ontem no almoço. O caso é que a coisa, embora comida a mais de 24 h, volta e meia dá uma galopada no meu estômago (que tiver estômago pode ver o espetinho que nos foi servido, mas feche os olhos, por favor).




É claro que não seria tão simples. O arroz com o peixe não viria sozinho, pois aui tudo anda mal acompanhado. Veio uma sopa numa tijela para beber como se copo fosse, com liberdade (ou obrigação) de fazer barulho (aquele barulho do uuuuush !), mais uma salada estranha, mais pauzinhos (como se ainda não tivessem inventado os talheres), enquanto o cozinheiro em nossa frente preparava o peixe e o arroz. Nessa hora tive que ir ao quarto buscar a máquina fotográfica. Quisera não ter ido e assistido o show ! Baita show !
A coisa não ia de todo mal, mas muito menos bem, até Tino me perguntar "como se lhama esso en Brasil". Surpreso e desconfiado perguntei "esso o que?", já sentindo o estômago embrulhar. Talvez fossem as frutas (indecifráveis) ou os pauzinhos (eu acabara de derrubar um no chão, sei lá. Mas não ! Era sobre a comida que falava. Ora, tinha duas coisas no prato, arroz, e arroz todo mundo conhece, e Tino sabe como se chama arroz no Brasil (é arroz mesmo), e, além do arroz, só havia aquele peixe, que a essa altura do campeonato, estava ficando um pouco estranho. Ainda sem me dar conta do que falava, fiquei sabendo que na Itália se chama "languila". Ai, ai, ai ! Languila ! Já está me dando ânsia de vômito !! Explicou ainda que é um peixe comprido, como uma cobra. Ahrrr ! Eu queria sair correndo, escovar os dentes e desinfetar a boca. Quê vontade de um café com pãozinho, mas aquela languila nunca mais.
Bem, agora chega, podem trabalhar em paz, pois eu me salvei. Pelo menos por esta noite.
Um abraço a todos,e afastem-se das languilas.
Léo
(12/03/2010)

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