Se eu não morresse nunca ! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas. (Cesário Verde 1855-1887)







quarta-feira, 19 de junho de 2013

UMA RESPOSTA POSSÍVEL AO MOVIMENTO PASSE LIVRE

Publicado originalmente  em 19/06/2013 no Jornal do Comércio
http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=127079


Nestes dias em que eclodem e persistem movimentos de protesto contra o aumento de passagens do transporte coletivo municipal, tendo como protagonista o MPL (Movimento Passe Livre), fico a remoer permanentemente a notícia que foi publicada em jornal de circulação nacional, em fevereiro deste ano de 2013: “Tallin é a primeira capital europeia com transporte público grátis”.
Eu, que sou avesso ao Facebook, e mantenho um perfil nessa rede na ilusão de não ser um auto excluído social, publiquei essa notícia, com o link à fonte de informação.
Para quem não sabe, ou sabe pouco como eu, Tallin é a capital da Estônia, país báltico vizinho da Rússia e Letônia.
A Estônia tem renda per capita quase o dobro do Brasil e ocupa a posição 33 no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O Brasil está na posição 85, dados de 2012.
Pois bem: Tallin tem transporte público grátis!
Comento algumas razões para que Porto Alegre também tenha transporte coletivo urbano grátis, levando em conta aspectos locais e também as vantagens já auferidas em Tallin.
Considerando nossa situação socioeconômica, parece-me que um dos principais argumentos (não lembrados pelos estudantes e movimentos sociais) seria a desoneração do alto custo imposto aos moradores da periferia, que por baixa capacidade econômica são empurrados para as margens da cidade com o ônus de gastar significativa parte de sua pouca renda, além do demasiado tempo de locomoção;
Em outro plano, se pode dizer que o transporte grátis leva ao maior uso desse meio de transporte coletivo, com significativa redução do transporte particular, e, uma das consequências é a redução da poluição do ar e doenças respiratórias;
Em decorrência do menor tráfego de veículos nas ruas, haveria redução do tempo de descolamento de todos, tanto usuários do transporte público, como dos automóveis;
Além disso, com menos carros nas ruas, haveria menor demanda de investimento público para o sistema viário urbano, e economia no custeio do mesmo.
Tudo isso sem mencionar a redução do número de acidentes, e outros benefícios “menores”.
Então, no momento em que se reivindicam menores tarifas e mais qualidade no transporte público, pergunto-me se não está na hora de quebrar paradigmas e dar um salto de desenvolvimento.
E, quando o velho de Restelo (aquele de Camões e também da presidenta Dilma) menear a cabeça e com pessimismo perguntar quem vai pagar esse transporte público “grátis”, poderemos encher o peito e dizer com orgulho: nós, cidadãos, é claro! Quem mais seria?


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