Na reunião de dezembro do CLUBE DE LEITURA da PALAVRARIA, o tema é HIBISCO ROXO, da Nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie
A resenha a seguir, é de ANTÔNIO RISSATO.
Obra : Hibisco Roxo
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Forma: Narrativa
Ambiente: Nigéria - país da África
Ocidental, 923.000km² (~3 x RS), população de 176 milhões > 190 hab/km²
(RS=30hab/km²). Ex-colônia inglesa.
Rio Niger > > área próxima ao rio: Niger + Área, em
inglês Nigeria (nidgéria)
Capital: Abuja (3.000.000) – maior cidade: Lagos (21.000.000)
Lagos |
Economia: PIB de US 500bi – 25ª economia mundial – 1ª da
África - 12º maior produtor de petróleo e 8º maior exportador. Maior produtor
mundial de amendoim, cacau e óleo de
palma. Possui grandes quantidades de gás natural e minérios (carvão – bauxita –
nióbio – ouro – minério de ferro) embora pouco explorados.
Língua: oficial inglês – muitas línguas tribais (cerca de 500
etnias), predominando o igbo.
Religião: 48% cristã – 48% muçulmana e 4% nativas. Fortes
conflitos religiosos e étnicos.
O livro
a) Resumo
A autora narra, em primeira pessoa, a história da menina-moça
Kambili, de uma família católica, cujo pai é um grande empresário, dono de
jornal e também de indústrias de refrigerantes e de alimentos. Muito respeitado
pela comunidade, é no entanto religiosamente fanático. A família foge do padrão
cultural e econômico da maioria da população, incluindo seus parentes próximos.
A família possui uma casa grande, confortável, obviamente com cercas altas,
carros, incluindo Mercedes Benz, motoristas, casa de veraneio e tudo mais que
uma família rica pode usufruir, os filhos estudam em colégio particular
(católico, claro), a língua é o inglês, ou seja, tem um padrão de vida
destoante da imensa maioria da população nigeriana, 30% vivendo abaixo da linha
de pobreza.
Kambili e seu irmão Jaja são criados num ambiente repressor,
tendo o pai como chefe de família autoritário, religioso fanático, para quem a
cultura branca é o padrão a ser seguido. É extremamente rigoroso no trato dos
filhos e, embora não de forma explícita pela autora, costuma dar surras na
mulher, tanto que esta acaba por envenená-lo. A vida familiar é um martírio,
mas suportado pela ignorância sobre o modo de vida das pessoas comuns.
A teia de proteção que o pai castrador coloca em volta dos
filhos deixa-os sem saber a realidade das pessoas que não convivem com eles em
seu ambiente e em sua escola.
Quando vão passar uma semana na casa da tia Ifeoma,
professora universitária, viúva e mãe de três filhos, Kambili e Jaja
experimentam a dura vida dos nigerianos pobres ou remediados: comida simples,
sem refrigerantes, carro velho caindo aos pedaços, dificuldade de comprar
gasolina, falta de água corrente, seguidas interrupções da energia elétrica,
enfim a vida que imaginamos para uma família africana de parcos recursos.
Mas os primos tem aquilo que Kambili e Jaja jamais
experimentaram: a liberdade de dizer o que querem, rir, cantar, passear
livremente, questionar o modo de vida deles e do tio rico. E, principalmente,
sentir o amor familiar e o apreço ao avô (Papa Nnukwu) avesso à cultura branca
e, no dizer do pai de Kambili, adorador de demônios (ídolos da religião
tribal). Nessa semana, Kambili e Jaja amadurecem mais que nos anos vividos até
então. Kambili chega a se apaixonar por um padre católico negro, mas não
declara seu amor nem mesmo à sua agora confidente prima Amaka. Ao voltar ao
convívio do pai repressor, enfrentam-no e acabam por apanhar, sofrer castigos
físicos terríveis e, não suportando a
vida familiar, acabam por ir viver com a tia que, despedida da universidade em
que era professora pelo novo regime de governo do país, está prestes a se
transferir para os Estados Unidos.
O pai acaba envenenado pela esposa e os irmãos Kambili e Jaja
se sentem agora livres para levar a vida que tem pela frente, junto com a mãe e
sem mais opressões domésticas.
b) Impressão do leitor (Antônio)
Chimamanda escreve de forma simples, coloquial, sem floreios,
embora abuse na utilização de termos em igbo, sem tradução, o que às vezes
deixa o leitor até sem entender direito o que ela quer dizer. O título do livro
não tem muito a ver com a história, pois ela faz apenas duas ou três referências
a essa planta no jardim de sua casa.
A autora nos dá uma visão de como é a vida na África, seja
para uma família de posses, seja para família “remediada”. E ela (a autora)
aborda de uma forma suave esses dois mundos que convivem tão próximos.
Através dessa leitura, podemos ter uma visão da Nigéria, e
por extensão da África, diferente do estereótipo que temos sobre aquela região
do mundo e sua população.
Do ponto de vista literário, é um livro comum.
Porto
Alegre, 27/11/2015
Acrescento o link de um belo estudo sobre Hibisco Roxo:
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