Se eu não morresse nunca ! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas. (Cesário Verde 1855-1887)







sábado, 5 de dezembro de 2015

LIVRO DO MÊS: HIBISCO ROXO, de Chimamanda Ngozi Adichie


Na reunião de dezembro do CLUBE DE LEITURA da PALAVRARIA, o tema é HIBISCO ROXO, da Nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie
A resenha a seguir, é de ANTÔNIO RISSATO. 



Obra : Hibisco Roxo
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Forma: Narrativa

Ambiente: Nigéria - país da África Ocidental, 923.000km² (~3 x RS), população de 176 milhões > 190 hab/km² (RS=30hab/km²). Ex-colônia inglesa.
Rio Niger > > área próxima ao rio: Niger + Área, em inglês Nigeria (nidgéria)
Capital: Abuja (3.000.000) – maior cidade: Lagos (21.000.000)

Lagos
Economia: PIB de US 500bi – 25ª economia mundial – 1ª da África - 12º maior produtor de petróleo e 8º maior exportador. Maior produtor mundial de amendoim,  cacau e óleo de palma. Possui grandes quantidades de gás natural e minérios (carvão – bauxita – nióbio – ouro – minério de ferro) embora pouco explorados.
Língua: oficial inglês – muitas línguas tribais (cerca de 500 etnias), predominando o igbo.
Religião: 48% cristã – 48% muçulmana e 4% nativas. Fortes conflitos religiosos e étnicos.

O livro

a) Resumo

A autora narra, em primeira pessoa, a história da menina-moça Kambili, de uma família católica, cujo pai é um grande empresário, dono de jornal e também de indústrias de refrigerantes e de alimentos. Muito respeitado pela comunidade, é no entanto religiosamente fanático. A família foge do padrão cultural e econômico da maioria da população, incluindo seus parentes próximos. A família possui uma casa grande, confortável, obviamente com cercas altas, carros, incluindo Mercedes Benz, motoristas, casa de veraneio e tudo mais que uma família rica pode usufruir, os filhos estudam em colégio particular (católico, claro), a língua é o inglês, ou seja, tem um padrão de vida destoante da imensa maioria da população nigeriana, 30% vivendo abaixo da linha de pobreza.
Kambili e seu irmão Jaja são criados num ambiente repressor, tendo o pai como chefe de família autoritário, religioso fanático, para quem a cultura branca é o padrão a ser seguido. É extremamente rigoroso no trato dos filhos e, embora não de forma explícita pela autora, costuma dar surras na mulher, tanto que esta acaba por envenená-lo. A vida familiar é um martírio, mas suportado pela ignorância sobre o modo de vida das pessoas comuns.
A teia de proteção que o pai castrador coloca em volta dos filhos deixa-os sem saber a realidade das pessoas que não convivem com eles em seu ambiente e em sua escola.
Quando vão passar uma semana na casa da tia Ifeoma, professora universitária, viúva e mãe de três filhos, Kambili e Jaja experimentam a dura vida dos nigerianos pobres ou remediados: comida simples, sem refrigerantes, carro velho caindo aos pedaços, dificuldade de comprar gasolina, falta de água corrente, seguidas interrupções da energia elétrica, enfim a vida que imaginamos para uma família africana de parcos  recursos.
Mas os primos tem aquilo que Kambili e Jaja jamais experimentaram: a liberdade de dizer o que querem, rir, cantar, passear livremente, questionar o modo de vida deles e do tio rico. E, principalmente, sentir o amor familiar e o apreço ao avô (Papa Nnukwu) avesso à cultura branca e, no dizer do pai de Kambili, adorador de demônios (ídolos da religião tribal). Nessa semana, Kambili e Jaja amadurecem mais que nos anos vividos até então. Kambili chega a se apaixonar por um padre católico negro, mas não declara seu amor nem mesmo à sua agora confidente prima Amaka. Ao voltar ao convívio do pai repressor, enfrentam-no e acabam por apanhar, sofrer castigos físicos terríveis e,  não suportando a vida familiar, acabam por ir viver com a tia que, despedida da universidade em que era professora pelo novo regime de governo do país, está prestes a se transferir para os Estados Unidos.
O pai acaba envenenado pela esposa e os irmãos Kambili e Jaja se sentem agora livres para levar a vida que tem pela frente, junto com a mãe e sem mais opressões domésticas.



b) Impressão do leitor (Antônio)
 


Chimamanda escreve de forma simples, coloquial, sem floreios, embora abuse na utilização de termos em igbo, sem tradução, o que às vezes deixa o leitor até sem entender direito o que ela quer dizer. O título do livro não tem muito a ver com a história, pois ela faz apenas duas ou três referências a essa planta no jardim de sua casa.
A autora nos dá uma visão de como é a vida na África, seja para uma família de posses, seja para família “remediada”. E ela (a autora) aborda de uma forma suave esses dois mundos que convivem tão próximos.
Através dessa leitura, podemos ter uma visão da Nigéria, e por extensão da África, diferente do estereótipo que temos sobre aquela região do mundo e sua população.
Do ponto de vista literário, é um livro comum.

                                                                       Porto Alegre, 27/11/2015

Um comentário:

  1. Acrescento o link de um belo estudo sobre Hibisco Roxo:
    https://webmail-seguro.com.br/locamail.com.br/?_task=mail&_action=get&_uid=10143&_mbox=INBOX&_part=2

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