O modelo de produção usado desde a Revolução Industrial
consiste em transformar a natureza em lixo. Essa é a convicção que ficamos ao
ler “Capitalismo Natural”, de Paul Hawken. De fato, as cadeias de produção nos
oferecem quaisquer tipos de produtos para o bem-estar material, que, mais tempo
menos tempo, dependendo do nível de reciclagem, serão descartados como lixo.
Essa revolução teve a indústria como causa de significativas
mudanças econômico-sociais, ao substituir a manufatura artesanal pela
industrial. Desde então, com novas máquinas, processos e tecnologias, a
capacidade de desenvolvimento material da humanidade expandiu-se como se não
houvesse limites. Vale lembrar que, a partir da revolução industrial,
destruiu-se mais natureza do que em toda a história anterior da humanidade. E o
produto final desse modelo pode ser visto nos aterros e lixões existentes em
qualquer aglomeração humana, mas também nos mares, onde não há humanos.
Por alguns séculos, houve farta disponibilidade de capital,
mão de obra e recursos naturais, os clássicos fatores de produção, embora o
capital natural venha declinando rapidamente, apresentando já sinais de
esgotamento. Por capital natural, entende-se o conjunto dos conhecidos recursos
usados pela humanidade, especialmente os organismos e sistemas vivos que
permitem a vida humana neste planeta.
Muitos desses recursos estão se deteriorando num ritmo sem
precedente, em velocidades maiores do que a capacidade de sua regeneração
natural.
A nova revolução que já se apresenta tem como protagonista a
Natureza e, se de um lado sobra capital financeiro e trabalho, o capital
natural decresce rapidamente, e os limites da prosperidade deixam de ser
determinados pela capacidade industrial ou tecnológica, mas pelo conjunto dos
recursos naturais.
Não é à toa que a China e países do entorno não querem mais
receber as centenas de navios com “lixo reciclável” americano. O descarte continuado
da quantidade gigantesca de lixo que ainda sobra após a separação do reciclável
inviabilizaria a vida em nosso planeta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário