Publicado originalmente no Jornal do Comercio (RS), em 02/10/2013
( http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=135882)
Anualmente, nesta mesma época, os bancários entram em greve. Por tempo indeterminado, as greves podem durar semanas. E todos os anos fico tentando descobrir que outras ações, além de parar o atendimento ao público, são colocadas em prática pela classe e pelo sindicato que a representa. Nada vejo. A rigor, o sistema bancário não para.
A compensação, a cobrança de títulos, e tudo que não depende de atendimento pessoal segue sendo processado. Ações diretas contra a classe patronal, se existem, não são divulgadas. A greve consiste, então, em não atender o público, o principal prejudicado.
Com o cartão do banco e um caixa automático, consegue-se
realizar as operações mais importantes. Também pela internet, podemos “ir ao
banco”, através de um computador, tablete ou celulares Inteligentes.
Mas e quem não tem cartão, ou é analfabeto cibernético, como
faz? É aqui que se revela a face cruel dessa meia greve. A classe de menor
poder econômico e as pessoas de mais idade constituem os dois grupos mais
prejudicados, pois são esses que mais demandam atendimento pessoal nas agências
bancárias.
A par disso tudo, também é razoável pensar que a greve de
atendimento pessoal estimula os bancos a dar novos passos na direção de mais
automação, e leva o público desassistido a buscar meios para reduzir sua
dependência desse atendimento.
Por essas questões, fico a imaginar se, na disputa entre
bancários e banqueiros, não haveria ações mais diretas e criativas entre as
partes, sem usar um terceiro grupo como meio de pressão para atingir seus
pleitos.
Foi essa criatividade que vi na ação dos moradores de
Eldorado do Sul, que, nestes dias, protestaram contra o mau serviço público,
descartando seus sacos de lixo em frente à Prefeitura.
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