Se eu não morresse nunca ! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas. (Cesário Verde 1855-1887)







terça-feira, 26 de agosto de 2014

QUEM TEM MEDO DA AMAZON?



Na semana passada fui às compras. Curioso com a entrada da Amazon no mercado brasileiro, escolhi 4 títulos importantes de literatura para enriquecer minha mínima biblioteca e pesquisei  nos sites de 3 livrarias: dessa questionada Amazon e de duas outras que já sou cliente, talvez as maiores do Brasil. Acabei encontrando os 4 títulos na recém chegada ao Brasil e os receberei em casa por R$88,55.
Em outra delas, da qual sou cliente assíduo, encontrei apenas 2 títulos e os receberia por R$73,80 (pagarei R$39,80). Na terceira, excelente livraria também, encontrei 3 títulos, ao custo de R$68,76 (pagarei R$63,55 na Amazon).
A nova livraria on line que chega ao Brasil já recebe fortes críticas por ser muito agressiva em preços, predatória dizem, o que seria danoso para o mercado de livros. O setor nacional já prepara demandas aos candidatos à presidência, com vistas à proteção e desenvolvimento desse mercado. Além de razoáveis propostas de incentivo, sugere-se também mais regulamentação do Estado e garantia de preços mínimos, pelo menos para os lançamentos. Com isso, se evitaria a “concorrência predatória” e, de troco, é claro, se garantiria a rentabilidade das livrarias brasileiras para a satisfação de seus empresários.
Não sei em que ponto fica o leitor, se também deve se preocupar em garantir a sobrevivência das livrarias, e pagar por isso, ou simplesmente aproveitar os melhores preços para consumir mais livros. Às livrarias físicas, cabe explorar a grande vantagem competitiva que tem ao poder oferecer um espaço sociocultural, que através de eventos dos mais diversos pode alavancar a venda de livros, e, com ganhos de escala, baixar um pouquinho seus preços. Além disso, as ricas experiências sensoriais de circular entre as prateleiras, tocar na capa em relevo d’A Caverna, de Saramago, e ter uma provinha do texto, não pode ser oferecida pelas lojas on line.
De qualquer maneira, garantia estatal de preços mínimos é algo pouco criativo e antiquado, além do que, não parece ser solução de nada. Tais medidas apenas protegem a acomodação, a ineficiência e o lucro dos elegidos, inibindo o desenvolvimento do livre mercado que pode oferecer mais e melhor. Isso vale para todos os setores da economia, inclusive para os livros.

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