Na
semana passada fui às compras. Curioso com a entrada da Amazon no mercado
brasileiro, escolhi 4 títulos importantes de literatura para enriquecer minha
mínima biblioteca e pesquisei nos sites de 3 livrarias: dessa questionada
Amazon e de duas outras que já sou cliente, talvez as maiores do Brasil. Acabei
encontrando os 4 títulos na recém chegada ao Brasil e os receberei em casa por
R$88,55.
Em outra delas, da qual sou cliente assíduo, encontrei apenas 2
títulos e os receberia por R$73,80 (pagarei R$39,80). Na terceira, excelente
livraria também, encontrei 3 títulos, ao custo de R$68,76 (pagarei R$63,55 na
Amazon).
A
nova livraria on line que chega ao
Brasil já recebe fortes críticas por ser muito agressiva em preços, predatória
dizem, o que seria danoso para o mercado de livros. O setor nacional já prepara
demandas aos candidatos à presidência, com vistas à proteção e desenvolvimento
desse mercado. Além de razoáveis propostas de incentivo, sugere-se também mais
regulamentação do Estado e garantia de preços mínimos, pelo menos para os
lançamentos. Com isso, se evitaria a “concorrência predatória” e, de troco, é
claro, se garantiria a rentabilidade das livrarias brasileiras para a
satisfação de seus empresários.
Não
sei em que ponto fica o leitor, se também deve se preocupar em garantir a
sobrevivência das livrarias, e pagar por isso, ou simplesmente aproveitar os
melhores preços para consumir mais livros. Às livrarias físicas, cabe explorar
a grande vantagem competitiva que tem ao poder oferecer um espaço
sociocultural, que através de eventos dos mais diversos pode alavancar a venda
de livros, e, com ganhos de escala, baixar um pouquinho seus preços. Além
disso, as ricas experiências sensoriais de circular entre as prateleiras, tocar
na capa em relevo d’A Caverna, de Saramago, e ter uma provinha do texto, não
pode ser oferecida pelas lojas on line.
De
qualquer maneira, garantia estatal de preços mínimos é algo pouco criativo e
antiquado, além do que, não parece ser solução de nada. Tais medidas apenas
protegem a acomodação, a ineficiência e o lucro dos elegidos, inibindo o
desenvolvimento do livre mercado que pode oferecer mais e melhor. Isso vale
para todos os setores da economia, inclusive para os livros.
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